Eu nunca vou esquecer a primeira vez que fui convidado para
liderar um pequeno grupo, que também passou a ser um grupo de turbo. Minha
preocupação que superou todas as outras era o medo de que os membros do meu
grupo não gostassem do jeito que eu estava liderando. Consequentemente, eu me
senti tenso, o que naturalmente me fez mais reservado e menos natural para
conduzir as discussões.
Ao final da reunião, porém, os outros participantes derramaram
sobre mim um retorno muito positivo, embora eu tivesse a certeza de que não fiz
um grande trabalho. Os comentários que me incentivaram mais foram quando as
pessoas compartilharam como elas estavam com medo de estar na berlinda e fazer
o que eu fiz. Eles não se achavam capazes de liderar um grupo, como eu fizera.
Isso fez virar o jogo e resultou num incentivo para mim!
Em suma: a experiência coletiva do grupo foi levada a outro
nível naquela noite, por causa da autenticidade de outros líderes; e eu aprendi
minha primeira maior lição como líder novo de um pequeno grupo: a importância
da autenticidade.
Abaixo você encontrará o que considero as sete armadilhas
comuns que novos líderes de grupos frequentemente se deparam, ao longo do
caminho de mudança de vida de liderança de pequenos grupos. Só sei que os erros
estão prestes a acontecer e tudo bem. Deus não está à procura de
"performance perfeita", mas sim, de corações que querem amá-Lo e aos outros
também.
1. Não ser você mesmo
A autenticidade é a chave para o sucesso como um líder de
grupo pequeno. Em geral, as pessoas não vão colocar-se por muito tempo com um
pequeno grupo onde os membros não são genuínos uns com os outros. Depois, todos
nós temos melhores maneiras de gastar o nosso tempo a cada semana. E a maior
influência sobre a autenticidade dentro de um pequeno grupo é sem dúvida o quão
real o líder do pequeno grupo se comporta dentro do grupo. Será que ele capaz
de confessar “pecados” e admitir falhas, ou se ele tentará projetar uma imagem
de perfeição? Será que ele é humilde o bastante para pedir ajuda quando as
coisas ficam difíceis, ou ela tenta resolver tudo sozinho? A saúde de um
pequeno grupo está diretamente ligada ao grau de liberdade que os membros têm
de serem eles mesmos, e que começa com o líder.
John Ortberg diz muito bem: "Você não pode ser
completamente amado se não é totalmente conhecido. Você só pode ser completamente
amado, se você se tornar completamente conhecidos". As pessoas querem ir a
algum lugar onde eles são amadas pelo que são e não pelo que eles sintam que
têm que ser. Participantes do grupo devem seguir o exemplo do líder do pequeno
grupo; desta forma, mais do que imaginam, vulnerabilidade, demonstrada a partir
da liderança, tem um poder tremendo de comprometer a saúde da vida do grupo.
2. Sobrecarga
O maior erro evitável cometido por líderes de pequenos
grupos ocorre quando eles tentam realizar demais. É a síndrome do "Eu faço
sozinho". Existem três maneiras principais para isso acontecer:
• Não identificação
de um associado – Devemos seguir os exemplos de Jesus e do apóstolo Paulo,
desenvolvendo co-líderes para nos ajudar a ministrar (Lucas 6:12-13; 2 Timóteo
2:2). Simplificando: o impacto de sua liderança é aumentado exponencialmente
com o apoio de associados. Eles ajudam a aliviar a sua carga, bem como fornecer
apoio e perspectiva de facilitação. Além disso, outros líderes são necessários
para que um grupo pretenda gerenciar o seu crescimento por sub-agrupamento ou
multiplicação, e assim, mais pessoas possam ser alcançadas e incluídas.
• Não pedindo aos
participantes para tomar posse em diferentes aspectos da vida do grupo pequeno –
Os líderes do grupo podem economizar muito tempo e energia mental apenas por
encontrar um membro administrativamente dotado para cuidar dos pedidos de
ajuda, de oração, etc., por telefone, informações de contato, cuidar das datas de
aniversários, de busca dos ausentes, e assim por diante.
• Não facilitar as
discussões – Os líderes do grupo podem cair numa armadilha quando se
definem como professores, como alguém acusado de se tornar um especialista em
um assunto e, então, criar um interessante "lição educativa" (sermão)
para cada reunião do grupo. Em vez disso, os líderes do grupo devem ver-se como
facilitadores das discussões. Eles precisam estar preparados, sim, para
conduzir discussão em currículo, e nunca devem assumir todas as
responsabilidades.
3. Falta do cultivo
de uma orientação externa para o pensamento grupo
A grande maioria dos pequenos grupos é naturalmente
introvertida. Os grupos têm autofoco. Isso pode ser saudável quando fortes laços
interpessoais são desenvolvidos. Mas os líderes do grupo cometem um erro quando
eles não conseguem ver como é crítico ser intencional quanto ao dirigir a
consciência das pessoas de fora do grupo.
Um grupo que está junto por muito tempo, corre o risco de
torna-se ineficaz, não só no companheirismo, mas também no evangelismo. Há duas
razões principais para isso. Primeiro, uma prolongada introversão seca a
dinâmica do grupo, e gera conflito interpessoal sobre questões triviais, e
resulta em um indesejável egocentrismo. Todas essas coisas podem paralisar o
alcance do grupo. Segundo, teologicamente falando, discipulado e evangelismo alimentam
um ao outro (Mateus 28:19-20). Se o líder do pequeno grupo não procurar nutrir
uma orientação para as atividades externas do grupo, o vínculo da comunidade
lentamente atrofia e, eventualmente, implode o próprio grupo.
Uma maneira simples para um grupo começar a voltar ao
exterior é orar intencionalmente pelos amigos e familiares que não comungam
nossa fé. Tais orações estimulam a graça de Deus, e os grupos que servem como
canais para o fluxo da graça permanecem saudáveis. Por outro lado, os grupos
que acumulam a graça de Deus podem azedar.
4. A necessidade de
esconder o currículo ruim
Às vezes, o currículo mata os pequenos grupos. Significa
dizer que temos muitas obrigações e tarefas nos pequenos grupos que
definitivamente não ajudam no relacionamento, nem na salvação das pessoas. Aqui
está uma regra de ouro: Se algo não está funcionando, por que insistir? Passa
para outra coisa. Para seguir em frente, é importante verificar, como um grupo,
se as pessoas estão interessadas, e vai funcionar.
Eu recomendo evitar currículo em pequeno grupo, programas
volumosos, amarrados em detalhes, que requerem um monte de "lição de
casa", e alvos estressantes. O melhor é ter um currículo/programa que
envolva a mente das pessoas, estimule a interação e as relações construtivas.
Aqui está outra regra de ouro: Se você não está recebendo um
retorno sobre um estudo específico, as pessoas provavelmente não estão gostando.
A maioria dos membros do grupo que não gostam de currículo tende a não dizer isso
ao líder do pequeno grupo, mas finalmente, param de assistir.
5. Perder o lado
criativo
Não perca o seu lado criativo; quando liderar um grupo
pequeno mantenha as coisas frescas. Seja espontâneo na mudança de rotina do seu
grupo. Tenha passeios sociais juntos que são apenas para diversão. Encontrar
maneiras de misturar as coisas a cada nova estação.
Também é importante desenvolver continuamente todos os
propósitos e valores fundamentais de sua igreja na vida do grupo. Você nunca
será capaz de equilibrar perfeitamente, ou experimentar todos eles em cada
encontro, mas com crescer juntos ao longo do tempo, seu grupo vai perceber e
mudar de maneira saudável.
6. Ser inflexível
Se você pudesse ver um gráfico de crescimento do seu grupo
em conexão com o tempo, você não vai ver uma linha reta. Os altos e baixos da
vida teriam tido o seu impacto, e a percepção de arranques e paradas.
Permita-os. Não é a programação que você tem de manter. Tenha tempo de modo a
permitir que os membros do seu grupo possam amar uns aos outros em vez de
rigidamente tentar ficar com uma agenda pré-planejada.
Por exemplo, quando os membros estão passando por uma
temporada difícil, seu grupo deve ter o tempo para parar, escutar e orar por
eles. Quando surgem crises, convocar uma reunião de emergência. Ou cancelar uma
reunião existente para celebrar um triunfo. Ao permitir um fluxo e refluxo
natural, de quando e como o grupo se reúne, você estará construindo uma tolerância
e criando uma estrutura orgânica que se encaixa com a vida de seus
participantes. Por sua vez, eles vão sentir o que você está fazendo, apreciá-lo,
e abrir mais espaço em sua vida para o grupo.
7. Falha em
reconhecer a individualidade no seu grupo
Como líder, é vital tomar tempo para saber quem está no seu
grupo. Isso começa com o primeiro encontro, quando você fala sobre o que vocês
estarão fazendo juntos como um grupo, estará aprendendo sobre eles. Aqui estão
algumas perguntas que ajudarão manter em mente cada membro do grupo:
1. Quem são eles? Quais são as suas paixões pessoais,
profissões, e outros interesses?
2. Quanto tempo eles têm estado em sua igreja?
3. Quais são suas expectativas ao participar do pequeno
grupo?
Essa conversa inicial influencia a maneira em que seu grupo
se envolve com o seu trabalho futuro. Estar sempre disposto a ouvir o que as
pessoas têm a dizer e onde elas se encontram espiritualmente.
Conclusão
Lembre-se do princípio básico: seu pequeno grupo vai ser
saudável quando as pessoas sentirem-se amadas. Isso não é tudo para você, como
líder, mas você é um catalisador primário para eles. E não se esqueça de Deus.
Um líder de grupo pequeno é a pessoa que assume a liderança na criação e
manutenção de um ambiente onde a comunidade bíblica pode prosperar, mas é Deus
quem faz o crescimento real (1 Coríntios 3:6-7).
Boa sorte!
Reid
Smith
Tradução e adaptação
Umberto Moura
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